CaLendário
Janeiro, tão sagrado Janeiro
Dos Lobos,
Aurora que nasce e o vizinho devora!
Fevereiro, meu natalício Fevereiro
Tão Curto, curtíssimo
Nem ao menos consigo curti-lo
Março, o Desgraçado Março
Que enterra um trimestre de glória
Abrindo portas para Abril
Abril, Juventude de Abril
Não sei se quem me abre a cabeça
É a boca que escarra ou a mão vil!
Maio, que tanto faz Maio!
Não fede nem cheira
À ponta dos cigarros apagados
Junho, mês tão gélido
Um colar cristal
Nas quadrilhas de festa junina
Julho, tão carente julho
A volta das folgas,
Os garranchos caleidoscópicos.
Agosto, dos Leões
Fortíssimos e o fogo
Que consome a brasa de palha.
Setembro dos desistires,
Mês de quando se perde a fé,
Calcanhar de Aquiles!
Outubro, das bruxas loucas
Velhas feiticeiras
Caldeirões, roupa e sopa.
Novembro é vai ou racha,
Mês dos boletins vermelhos
E da estação que já não se define.
Dezembro da desgraça!
Pobre e obliqua. O natal do Salvador
Onde na manjedoura ficavam novilhas
Janeiro, Fevereiro, Março..., Dezembro