[Os meus Passos]
O que há com os meus passos
que só me levam aonde não quero —,
grossas correntes me atam!
O meu Passado é um visgo,
meu Futuro é um simulacro,
e o Presente, o que há?...
Há só esse molejo de angústia!
Afinal, os meus sapatos
têm resíduos dos cemitérios
onde enterrei meus sonhos...
Das espigas que colhi
só desgranei estéreis sementes,
a vida deu em chuvoso,
vou agora aonde não
me importa ir,
apenas vou...
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[Penas do Desterro, 30 de maio de 2006]
Caderninho das Cidades Mortas, p. 44