Nosso Mundo
Sejam todos muito bem-vindos a esse mundo imbecil
A essas dádivas pseudo-graciosas de ilusionistas da fé
Esse mundo que mente, que desmente as verdades
Essa gente demente, que não usa um vintém de sua honra
Aqui você vai definhando e, cada vez mais, morrendo
É essa sua ponte pro íntimo desencanto, desalentado marchar!
Mas não chore sem motivo, aqui te darão até mais que o necessário
Terá sempre um amigo a te ferir, um amor a te deixar... É assim aqui!
Vislumbre esse estranho que se veste de infinito
Esse ser contorcido, distorcido nas faixas do tempo enevoado
Quanto mais te tirarem, mais vão querer da sua alma
Serão sempre as mesmas desculpas, serão sempre as mesmas idiotas questões
Mais dia, menos dia você vai se tornar um esmoleiro de amanhãs
Por que toda a sua vida não vai fazer um mínimo sentido
Não haverá sorrisos suficientes, não haverá prece que baste
As portas fechadas, se abertas, levarão direto nas feridas... Psicossomáticas flores!
As meninas, transeuntes de sonhos febris, levarão culpa em seus ventres
Matarão os meninos, selarão o destino dos pequenos órfãos de vida... De tudo!
Bem cedo saberão que essa apoteótica vida nada mais é que areia
E que passa rápido, e que os sinais se vão muito cedo também
Por outro lado os homens menos homens serão
Não amarão, não abraçarão no dia chuvoso e frio
As vozes nos portões, os vultos nas janelas, por mais que dure o dia
Congratularão sempre com o adeus no fim do dia, no fim de todos os dias de um só dia
Quando a noite vem, batem à sua porta, vendendo sonos de paz
O preço é sempre muito alto, é sempre muito vago... Atenda quem chama!
O telefone toca, mas dificilmente saberão seu nome, só conhecem de você o que precisam
O que você é geralmente passa desapercebido, só guardam o que, no fim, te julga
Esse rio é manso, mas as águas queimam
É bem simples se jogar ao léu, por que se vitimar vai parecer o mais correto
Criar dentro de você um herói sem rosto, com o poder de viver essa vida desgraçada
Mas não se preocupe, as lágrimas serão suas companheiras na noite silente e insidiosa
Esse é o nosso bravo novo mundo!