PORTA ESTREITA
Euna Britto de Oliveira
Site de Poesia: www.euna.com.br
Um dia apertado como porta estreita
Uma fome suspeita
E eu, de que sou feita?...
Passo por entre as grades da prisão
E alcanço o código.
Poesia se camufla em códigos...
Liberdade, também!
O filho pródigo ainda não voltou
E o pai espera
Sem desespero
A hora nova do grande abraço!
Levo a vida que vem pra mim.
Ela é feia, a vida, hoje...
Mas já foi e ainda será bonita!
Tudo passa.
Se passa a felicidade,
Também passa a desdita.
Curta como a corda do capeta,
A soma dos gostos na caderneta.
É pra apertar mesmo
Que as provas vêm!
Dificuldades, de tão velhas,
Tornaram-se amigas...
Formigas pretas e brancas
Lua nova em céu antigo
E eu sonhando contigo...
Só falta saber
Se é prêmio ou castigo.
Tenho uma carência grande
E uma paciência pequena.
Umas coisas, se chegam,
Eu
salto
fora
E solto.
Outras coisas, nem chegam e eu seguro,
Não importa cerca
Não importa porta
Não importa muro.
São valores desgarrados
Da tenda árabe
A música e a dança
Da moça mais moça da casa.
Quero que sopre sobre mim
O fôlego do rapaz moreno.
Estou apaixonada pela impossibilidade de nunca mais amar.
O amor é eterno.
O amor é fácil como os jardins...