PORTA ESTREITA

Euna Britto de Oliveira

Site de Poesia: www.euna.com.br

Um dia apertado como porta estreita

Uma fome suspeita

E eu, de que sou feita?...

Passo por entre as grades da prisão

E alcanço o código.

Poesia se camufla em códigos...

Liberdade, também!

O filho pródigo ainda não voltou

E o pai espera

Sem desespero

A hora nova do grande abraço!

Levo a vida que vem pra mim.

Ela é feia, a vida, hoje...

Mas já foi e ainda será bonita!

Tudo passa.

Se passa a felicidade,

Também passa a desdita.

Curta como a corda do capeta,

A soma dos gostos na caderneta.

É pra apertar mesmo

Que as provas vêm!

Dificuldades, de tão velhas,

Tornaram-se amigas...

Formigas pretas e brancas

Lua nova em céu antigo

E eu sonhando contigo...

Só falta saber

Se é prêmio ou castigo.

Tenho uma carência grande

E uma paciência pequena.

Umas coisas, se chegam,

Eu

salto

fora

E solto.

Outras coisas, nem chegam e eu seguro,

Não importa cerca

Não importa porta

Não importa muro.

São valores desgarrados

Da tenda árabe

A música e a dança

Da moça mais moça da casa.

Quero que sopre sobre mim

O fôlego do rapaz moreno.

Estou apaixonada pela impossibilidade de nunca mais amar.

O amor é eterno.

O amor é fácil como os jardins...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 20/07/2006
Código do texto: T198005