A miséria

A miséria arrebata

Dá susto e assombra

A miséria nos assalta

Joga em nossa cara

A fragilidade de não podermos fazer nada

Nem contra máquina que a produz

Nem a favor de quem ela arrasta

A miséria fala

Nos olhos da criança

A miséria nos abala

Mostra a desconstrução humana

Do frágil ser, que tenta desenvolvimento

Entre brincadeiras de pedinte

No calor do asfalto, no pavimento

A miséria devora

Digere a sociedade

A miséria nos transforma

Tira de nós o belo da criação

Converte o belo de nossa alma

Desafia toda a nossa humanidade

Diante de um frio cano de arma