DIZE QUE ME AMAS
lisieux
Dize que me amas e eu me arrastarei a teus pés.
Dize que me queres e eu correrei até ti, doando-me, em sacrifício.
Por ti, eu me metamorfosearei em cordeiro de holocausto.
Serei a prenda a ser ofertada no altar do teu amor.
Por ti, esquecer-me-ei das minhas asas.
Nunca mais voarei.
Libélula que, ao contato da luz perde a possibilidade de voar,
voltando a ser larva, ser verme, a se arrastar.
Preço pequeno a ser pago pela possibilidade de estar frente ao teu brilho.
Dize que me amas e eu me anularei.
Nunca mais vontade própria,
nunca mais “queros” e “exijos”...
somente o agradecimento mudo pela migalha do teu beijo.
Dize que me amas e eu morro.
Enterro minha vontade no teu corpo,
calo minhas palavras em tua boca,
apago a chama da vida na explosão do teu gozo.
Antes morrer assim que nesta sequidão de deserto,
nesta solidão de precipício,
nesta agônica falta de ar que a tua ausência provoca.
BH - 11.11.03