A PORTA
Hora abre,
Hora fecha.
Lá dentro, esconde muitos segredos.
Segredos dos mais bem guardados e que,
Talvez pelo próprio mistério,
Causam tantos suspiros a quem fica do lado de fora.
A Porta é muda
Mas pudera eu grudar meus ouvidos
em seu pedaço de árvore seca –
pedaço seco, não morto!
Descobrir afinal, o que há por detrás de tamanha fortaleza.
Por que tanto abre e fecha em certos dias;
Por que sequer um movimento em tantos outros...
Passou-se o tempo em que o mistificado
era aquele que habitava na misteriosa fortaleza.
Na verdade, o maior misticismo é em relação àquela
que tudo vê,
tudo sabe,
mas nada diz.
E enquanto divagações eram colocadas no papel,
A Porta se abriu novamente.
Silenciosa, como na maior parte das vezes,
Abriu consigo a curiosidade de uma moleca saltitante,
Que não sabe por que
e nem como
Murcha toda vez que ela se fecha.
II
Então,
em uma noite quente de verão
a Porta fechou.
Lá fora, caminhavam lembranças tortas,
olhares inconformados
e sorrisos embaraçados.
Lá dentro era vazio.
Já não havia mais mistério,
não mais provocaria suspiros.
A Porta –
tão mística porta!
era agora apenas uma porta.
Pedaço de árvore seca –
pedaço seco, morto!
A Porta fechou
E não mais abriu.