ENSEADA

ENSEADA

Eduardo B. Penteado

Adverti-me

que inadvertidamente

brotariam-me os versos de sempre

prostrei-me, porém

e descobri que meu eu silente

clamava pelo teu, ausente

escancarei-me ao acaso

e aguardei a chegada de rima, verso

ou algo equivalente

fitando a enseada

contei cada barco, cada vela e cada onda

fitando as janelas

olhei cada gesto, cada rosto e cada sombra

as luzes se acendem na enseada

brotariam-me as mesmas luzes de sempre

mas assim, estranhamente

há no hoje um algo diferente

uma eterna ânsia enfim desvendada

uma sensação de peão em fim de estrada

uma imensa vontade de pular e dar risada

e tudo isso, entenda,

foi porque descobri que meu eu silente

clamava pelo teu, ausente

assim, inesperadamente

convidou o teu para um tango caliente

e como o Sol poente agora é história antiga

dá-me as mãos e um beijo saliente

enquanto bailamos, ruidosamantes

ao final desta estranha cantiga.

Eduardo Barcellos Penteado
Enviado por Eduardo Barcellos Penteado em 14/12/2009
Código do texto: T1977648
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