EXERCÍCIO DE REVIVER

Euna Britto de Oliveira

Site de Poesia: www.euna.com.br

Não só de morte se morre,

também se morre de tédio, de vergonha,

de medo, de aperto, de raiva, de tanto esperar,

da tristeza que paira no ar,

de tantas coisas, meu Deus!...

É a meia morte vivida,

é a vida meio morrida,

treinos de ressurreição!...

Hoje, eu me levanto de uma desesperança.

Amanhã, terei de me levantar do meu próprio corpo!...

O extermínio do corpo não elimina a vida,

que é abstrata, irreversível, forte, programada

para nunca mais acabar, para de alguma forma

e em algum lugar de novo se manifestar...

Centelha que se soltou do divino, sinalizando

um fogo, um incêndio, um grande centro de Amor!...

O corpo, sim, está contido no tempo.

A vida é outra coisa! Independe de fronteiras...

Essência contida no corpo só por uns tempos!...

Cada vida é um taquigrama na eternidade

e, em qualquer papel, traduz-se naturalmente...

A morte é quando a vida pede licença pra sair do lugar em que está,

ir só até ali...

E aproveita pra libertar-se!...

A morte vem com as desculpas da vida, pois a vida é muito educada!

Quer mesmo é ser libertada!

Gostamos da vida porque ela é linda!

E mexe-se...

A morte, coitada, rígida,

é uma boa perdedora.

De tanto ver renascer, insiste em permanecer.

Mas a vitória é da vida!

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 19/07/2006
Código do texto: T197672