Semitonado
lisieux
O amor era perfeito
feito a flor de mesmo nome,
era puro, rarefeito,
beija-flor, flor, sem prenome,
sem pronome, sem idade...
O amor era leveza
e sutil delicadeza;
Era água, correnteza,
era som de cachoeira...
O amor era tão lindo,
com cheiro de tamarindo,
sabor de maduro figo,
sempre aqui, sempre comigo...
o amor era canção,
suave composição,
brisa fresca entre folhagens;
o amor era mistérios,
era sonho, devaneios,
era desejos e anseios
e nós, como personagens..
Mas o tempo, esse carrasco,
soprou como vento forte...
o amor, mudou de norte,
foi pra outra direção.
E a sublime canção,
que era acordes, sinfonia,
perdeu a sua magia
e encheu-se de semitons...
E o amor, desafinado,
hoje é triste, desprezado,
sozinho se encontra em mim;
pois tu te foste dele,
pra longe, pr'outras paragens
e despiu-me das roupagens
alegres da primavera.
Inverno se faz em mim.
Vive aqui comigo, enfim,
o passado... essa quimera.
BH - 12.12.03