sangrando segundos
aperto a lâmina do tempo
com força
enquanto contemplo
a beleza e a destruição
nessa janela torta
uma moudura de asas
para minha loucura
a ilusão morna
e rubra
escorre em riachos
daquela mesma mão...
mais é imprescindível que aperte
essa lâmina de um único corte
quero é distorcer o tempo
na espiral da melancolia
e contemplar sorrindo
a sorte de nao ser mais ninguém
movimento helicoidal
de pássaros metalicos sem flores
minha ironia era amá-las
aquelas sete mulheres
em sete tempos
caminhando pela sétima rua
te encontrei
a última
e essa não era vazia
e sem sair da janela torta
eu misturava os três tempos
em um caleidoscópio de fotografias velhas
que ela guardou
as letras foram chegando
um trem em direção ao tempo
que eu ainda segurava na mão direita
ja distorcido derretendo o metal
em uma mistura de sangue lagrimas e aço forjado
com a esquerda eu ainda tocava seu rosto
e seus olhos foram o que sobrou da noite...
e um fósforo pra queimar o universo em espiral...