Ligeiramente doces...
Seus sussurros ligeiramente doces
Trespassam-me como lâminas:
Irreverentes ao meu drama
E à tolice que é lutar.
Da carne o bruxelar
Flébil, recorda a crueldade,
Na minha face, a marcar
A passagem do tempo.
Acorrentado à trama,
Que sussurra ligeiramente doce:
Não se combate o passado,
Nem desafia o futuro.
E o fluxo, que consome e transforma,
Lacera a ânsia analítica da razão,
Cai prostrada e inócua ao chão
Embevecida pelo ardor do agora
E o que era silêncio inquebrável
Tornou-se a vida em sacrifício;
O que se despojava em sonhos
É a memória cíclica do momento.