Nau humana.

Como é infernal o tombadilho nosso,

sob o qual um Noé benevolente,

esta presente e ausente,

pelos guilhões a ele impostos!

E o comandante da nau humana,

vê o tombadilho como palco,

onde o climax do último ato,

são mãos postas, estendidas,

como bandeira de paz e de rogo á vida,

como sementes de mau e de serpentes venenosas!

E do amago desta nau,

vem o desejo reprimido de luz,

e voa assim uma pomba lactea,

cheia de fuligem para o céu azul!

E quer esta esperança, ver no horizonte,

um lar quente e alegre...

Por fim a pomba volta,

com uma coroa de espinho na lembrança!

E o comandante da nau humana desperta,

vendo a sua frente uma parede que lhe barra,

onde suspenso a um lado,

um Deus mofa!

29/12/84