DIANA
Talvez a lua abranja a vez de qualquer testemunha.
Ando domesticando certo vazio
Que vez ou outra percorre as linhas de meu pensamento.
O vazio chega em forma cursiva que só os calígrafos,
Copistas medievais poderiam ter.
Dias cinzas que tanto amo
Não carregam o vazio que as tardes ensolaradas
Engendram em meu universo individual.
Sim, só a lua, expectadora dos incautos,
Poetas, amantes, bandidos e ladrões, poderia
Mensurar tamanho estado pusilânime dos solitários,
O vazio.
O plenilúnio dos lobisomens,
Fera interior que faz perceber o
Simbólico, Imaginário e Real.
Questiono-me:
De onde vêm os solitários?
Como se formou essa legião?
Os solitários desejosos de serem desejados,
Tentação que não se resume só em pão,
Mas de toda palavra que procede de sua boca.
Filha de Júpiter e Latona, única que percebe o vazio
Domesticado que percorre as linhas de meu pensamento
Que vez ou outra transcrevo no papel.