Nas sombras da noite
Meu espírito eleva-se pelos ares, em teu ombro pousa,
Encontra repouso tranqüilo para descansar.
Os pássaros cantam em revoada na sintonia das águas.
O coração suplica para ser liberto, bate as asas e voa em direção, ao infinito.
Ao longe, atravesso a ponte, segurando firme nas correntes que cercam, olhando para cima, observo a imensidão do universo, admirada,
Com que vejo, saio de mim, me junto às estrelas do firmamento.
Apanhei flores a beira da estrada, pálpebra fecha-se lentamente, absorvendo o doce perfume que exalava.
Feito fumaça, sinto-me leve, contornando o espaço em minha volta,
Nas sombras da noite, desenho árvores, frutas em cachos pendurados,
Flores de laranjeira florescem perfumando o ar, cântaro transbordante d´água á porta da casa.
Na soleira da janela, beija flor a cantar sobre os vasos de Violetas, entoando versos.
Ouço murmúrios que vem de longe, as pedras escondem segredos dos homens.
Os lírios gotejam serenos da madrugada, a relva mistura-se aos encantos celestiais, a terra gira em torno dos astros.
O homem destrói o pouco que nos resta, o perfume da flor, o balanço das águas claras, o cantarolarem dos pássaros.
Herança pequena, num mundo gigante onde vivemos sem as cores do arco-íris para fazermos festa.
Nas sombras da noite os animais choram as mágoas, suas vidas esquartejadas,
Na brutalidade das mãos dos homens.
escrito em
17.07.2006
por Águida Hettwer