Ave só
Não fui feita para ser multidão.
Fui feita ave solitária,
ave só,
A cantar um canto triste
Que não aceita e, por isso,
insiste
Em gritar alegria e dor.
Permeia desejos de partir,
Reluta entre esperanças
Que, ao ouvir,
balança, agita e se vai.
Cobre-lhe o peito desejo infindo
De nunca, jamais desistir
E arranca, por entre rochas,
Sonhos perdidos,
Replanta desejos adormecidos,
Reergue-se, no tempo esquecido,
E perde-se, de novo, a sonhar.