Ave só

Não fui feita para ser multidão.

Fui feita ave solitária,

ave só,

A cantar um canto triste

Que não aceita e, por isso,

insiste

Em gritar alegria e dor.

Permeia desejos de partir,

Reluta entre esperanças

Que, ao ouvir,

balança, agita e se vai.

Cobre-lhe o peito desejo infindo

De nunca, jamais desistir

E arranca, por entre rochas,

Sonhos perdidos,

Replanta desejos adormecidos,

Reergue-se, no tempo esquecido,

E perde-se, de novo, a sonhar.

Otelice Soares
Enviado por Otelice Soares em 08/12/2009
Código do texto: T1966951