A Árvore Que Criei

A árvore que criei

Mil águas banharam esta terra

Com vagas cheias de emoção

Delinearam as margens límpidas

Evitaram a erosão

Golpeei uma das vagas

Com um dedo de petrificada dor

A água caiu-se

Falecendo o seu esplendor

Remorsos seguiram minh’alma

Mas não temo pesado sermão

Apenas um golpe justo

Que abale o meu coração

Temeria antes

Se viesse de injustiça planejada

Mas sei que tive culpa

Tenho a alma destinada

Seria milagre o que vi?

Teria visto o verdadeiro?

Na escuridão sem fim

Ante um leve candeeiro

A luz apagou-se

O medo chegou

Será este o castigo

Que o eterno preparou?

O sol raiou inoportuno

Não julguei que viesse me ajudar

Mas o espírito que em mim lançou

Fez meio mundo ponderar

Almas ao céu

Raízes descobertas

Nasceu aqui na terra

Esperanças abertas

Lacrimejos não

Apenas sal molhado

Vi criar-se ali um Bem inalterado

Castigos de parte

Bem-dizeres recebi:

“Que semeei tudo

Aquilo que colhi”

Um mar afundou-se

Com um princípio e um fim

Uma árvore criou-se

Num apelo lançado por mim!

FIM

Lacrima D’Oro

Lacrima Doro
Enviado por Lacrima Doro em 07/12/2009
Código do texto: T1965274
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