A Árvore Que Criei
A árvore que criei
Mil águas banharam esta terra
Com vagas cheias de emoção
Delinearam as margens límpidas
Evitaram a erosão
Golpeei uma das vagas
Com um dedo de petrificada dor
A água caiu-se
Falecendo o seu esplendor
Remorsos seguiram minh’alma
Mas não temo pesado sermão
Apenas um golpe justo
Que abale o meu coração
Temeria antes
Se viesse de injustiça planejada
Mas sei que tive culpa
Tenho a alma destinada
Seria milagre o que vi?
Teria visto o verdadeiro?
Na escuridão sem fim
Ante um leve candeeiro
A luz apagou-se
O medo chegou
Será este o castigo
Que o eterno preparou?
O sol raiou inoportuno
Não julguei que viesse me ajudar
Mas o espírito que em mim lançou
Fez meio mundo ponderar
Almas ao céu
Raízes descobertas
Nasceu aqui na terra
Esperanças abertas
Lacrimejos não
Apenas sal molhado
Vi criar-se ali um Bem inalterado
Castigos de parte
Bem-dizeres recebi:
“Que semeei tudo
Aquilo que colhi”
Um mar afundou-se
Com um princípio e um fim
Uma árvore criou-se
Num apelo lançado por mim!
FIM
Lacrima D’Oro