Canto Calado

Se sou coração, sou retrato,

Sou o próprio público que faço...

Sou rei no meu domínio,

Súdito no meu reinado...

Sou luz que singra no espaço,

Sou estrela brilhante, sou astro...

Sou dos muros o concreto,

Das nuvens o asfalto...

Sou circo, criança ou palhaço,

Sou o próprio riso que ressalto...

Sou a noite que cai, em úmido orvalho,

Sou brisa, perfume e olfato...

Sou movimento guardado,

Em sonho relicário...

Sou o canto calado,

Sou silêncio, sou aplauso...