BRAÇOS TELHADOS

As casas olhando a rua

Com seus olhos de janela

Contam histórias bonitas

Histórias do arco da velha

As casas olhando as moças

Com seus olhos de janela

Só percebem mesmo

Quando passa devagar

A moça caminhando

Na rua passarela

As casas com suas bocas de portas

Umas linheiras

Outras tortas

Só se abrem em visita

Quando vem a mais catita

As casas com suas fachadas

Choram no silêncio da noite

Soluçam a não mais poder

Porque queriam ser gente

Porque desejavam

Tomá-la pelo braço

E beijá-la longamente

As casas sentem pesados

Na cor quase vermelha

Seus braços feitos em pedaços

Seus braços feitos

De telhas