BelaNova
O ar puro invade o meu mundo
A sala está silenciosamente mágica
Um copo de vinho, mais um gole de dor
Serena, sua imagem dança na parede
Eu não me lembro de ter convidado você
Mas diariamente você está aqui
E pra quê? Por que atormenta dias tão difíceis?
É uma dissonância persistente, maculando minha sinfonia
Ah! Eu sangro, ah! Eu me desfaço
Penitente alma, descrente espírito
Sem muito o que dizer
Não tendo mais forças pra continuar
Parece uma cotidiana condição da vida:
Deixar tudo o que se ama
E ir testando até onde vão nossos desejos febris
Quebrando o que temos, pra provar a solidão
Mas sempre tem esse novo dia
E parece estranho acordar e sentir esse tempo
Ao despertar, qual é a primeira porta que se abre?
Abre-se a porta da sua lembrança incongruente
Seu lindo sorriso, que você usa como muro
Suas palavras que são veneno com gosto de mel
Esse abraço que me é negado
Não tem efeito diante da incongelabilidade do meu coração
E hoje, frente ao novo mundo, o meu novo mundo
Eu quero gritar, o mais alto que eu puder
E ver se, de alguma forma, minha voz alcança teus selados ouvidos
Minha aurora, minha noite, minha vida e morte mais lenta
Minha ode, minha trova mais bonita
Canção mais delicada, palavra tão dita
Pássaro que cantarola pra alma
Nas minhas manhãs mais deprimidas
Essas minhas manhãs sem o amanhã!