Ópio

A fibra mais sensível vive a dor

A pele busca a pausa do tormento

A carne cede e quer algum alento

Que seja grata a droga do torpor

A mente reina leve, sem opor,

São tantos sons que vazam pelo vento

E tudo vaga pelo pensamento

Na luz que ofusca a paz e o destemor.

As luzes turvas buscam renascer

E a vista cede noutro anoitecer

Na flor que brota da matéria escura

Na sombra deformada do arrebol

A luz divaga em volta de outro sol

Que o senso traga tonto na procura.