Repouso neste meu tão almejado silêncio branco
Só eu… e a minha tranquila respiração
Só eu… e o meu abstrato olhar
Só eu… e a minha desanuviada audição
Eis que por fim… tudo terminou!
Desisti de em quase tudo e… em quase todos acreditar
De ouvir dizer sim! E pouco tempo depois, alguém isso negar
De pedir ajuda mas para isso, mais tarde com altos juros, ter de pagar.
Convenci-me finalmente…
Que alguns dos meus amigos e familiares
Se renderam ao reino do egoísmo e da conveniência
Passando a serem, súbditos da deplorável incoerência.
Convenci-me finalmente…
Que há mais quem minta, do que fale a verdade
Daí, e talvez, uma boa mentira “valer mais”… que mil verdades.
Ver para crer… é hoje em dia, o lema da maioria da humanidade
E mesmo assim, cada vez mais, proliferam tamanhas falsidades.
Convenci-me finalmente…
Que há mais quem ame por mera e fugaz ilusão
Do quem ame, com extrema e contínua dedicação.
Alguns amam louca e incondicionalmente, no ato do prazer carnal
Mas detestam-se facilmente logo que algo, começa a correr mal.
Convenci-me finalmente…
Que o ritmo da vida é, e será sempre igual
As palavras, os gestos, os passos, os dias, as estações se repetem
As injustiças sociais e o desrespeito pela vida prevalecem
Que o mundo embora pareça tão esplendoroso, é todavia… tão desigual.
Eis que o sossego emocional chegou!
Mas infelizmente…
A minha mente, a este silêncio branco, não se consegue adaptar
A ausência do repetitivo fragor humano faz-me como que, sufocar
Não… não consigo por mais tempo, esta minha utopia perpetuar
É-me de todo impossível neste silêncio branco poder respirar.
Preciso urgentemente de, ao estrépito desassossego regressar
Sim!
È estúpido e incompreensível mas eu, já não consigo passar
Sem este amaldiçoado desassossego que me faz, assim contrariar
Este meu louco desejo de ao sossego, eu hoje, finalmente mergulhar.
Quiçá para isso, tenha primeiro de, a minha alma ter de purgar
Para então, eu poder, no mais puro sossego, eternamente repousar.
E hoje;
O meu tão almejado sossego emocional…
Assim… tão precocemente, para mim terminou!