eu sempre vou te amar

eu sei

de alguma forma

de algum jeito

em algum espaço

vazio do meu peito

havendo o que houver

por quantas vezes

eu me apaixonar

quantos sonhos eu tiver

tantas viagens que eu partir

bares e bares que eu parar

beber

chorar

cantar

sorrir

quantas noites eu amar

quantas manhãs me despedir

quantas vezes me lembrar

e tantas outras me esquecer

quando eu reler as cartas

rever fotografias

tentar escrever

e riscar poesias

tentar compor

alguma canção de amor

sentar sozinho

a beira de um cais

ficar um bom tempo a toa

olhando o mar

em paz

por quantas vezes for

por quantas vezes vier

apesar de tudo o que o tempo faz

apesar de tudo o que o tempo fez

(e o tempo voa)

apesar das certezas absolutas

ou de algum talvez

que talvez até exista

mesmo que o coracao desista

apesar dos pesares

de todos os olhares

das pessoas que andam pela rua

da minha mulher incolume

deitada nua

quando ela me beija

quando ela me abraça

quando se insinua

e ansiosa me espera

apesar do inverno

apesar da primavera

ou se a propria lua

quando se aproxima

me provoca uma noite

me provoca uma rima

por quantas ruas eu atravessar

em quantas esquinas eu desaparecer

o quanto eu andar

quantas vezes eu tentar chegar

e nao conseguir

voltar

desistir

quantas vezes

eu me submeter

aos caprichos inerentes do amor

quando eu estiver carente

quando me sentir sozinho

e me perguntar baixinho

eu sei

eu vou mentir pra mim

mas vou me convencer

vou me conformar

nem que seja o inverso

nem que seja num verso

eu sempre vou te amar

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 03/12/2009
Reeditado em 03/12/2009
Código do texto: T1958491