eu sempre vou te amar
eu sei
de alguma forma
de algum jeito
em algum espaço
vazio do meu peito
havendo o que houver
por quantas vezes
eu me apaixonar
quantos sonhos eu tiver
tantas viagens que eu partir
bares e bares que eu parar
beber
chorar
cantar
sorrir
quantas noites eu amar
quantas manhãs me despedir
quantas vezes me lembrar
e tantas outras me esquecer
quando eu reler as cartas
rever fotografias
tentar escrever
e riscar poesias
tentar compor
alguma canção de amor
sentar sozinho
a beira de um cais
ficar um bom tempo a toa
olhando o mar
em paz
por quantas vezes for
por quantas vezes vier
apesar de tudo o que o tempo faz
apesar de tudo o que o tempo fez
(e o tempo voa)
apesar das certezas absolutas
ou de algum talvez
que talvez até exista
mesmo que o coracao desista
apesar dos pesares
de todos os olhares
das pessoas que andam pela rua
da minha mulher incolume
deitada nua
quando ela me beija
quando ela me abraça
quando se insinua
e ansiosa me espera
apesar do inverno
apesar da primavera
ou se a propria lua
quando se aproxima
me provoca uma noite
me provoca uma rima
por quantas ruas eu atravessar
em quantas esquinas eu desaparecer
o quanto eu andar
quantas vezes eu tentar chegar
e nao conseguir
voltar
desistir
quantas vezes
eu me submeter
aos caprichos inerentes do amor
quando eu estiver carente
quando me sentir sozinho
e me perguntar baixinho
eu sei
eu vou mentir pra mim
mas vou me convencer
vou me conformar
nem que seja o inverso
nem que seja num verso
eu sempre vou te amar