Para não chorar agora

Rasguei retratos,

quebrei bibelôs e pratos;

dancei nua e bêbada - o vinho meio seco e barato lavou cabelos

e sonhos...

Travei janelas,

bati a porta,

joguei a chave no bueiro

e uma pedra

enorme

no telhado.

Sentei no meio fio

- rua deserta

- desejo de morrer

- vontade de ficar.

Escalei o muro.

Subi a

escadinha

da caixa d'água.

Entrei pelo teto em cacos

(a alma também)

(mãos arranhadas, corpo dormente...).

Chorarei ao consertar o telhado.

Quando a pele acordar, chorarei,

e se perdoar.

Gina Girão
Enviado por Gina Girão em 03/12/2009
Reeditado em 06/12/2009
Código do texto: T1958417
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.