Para não chorar agora
Rasguei retratos,
quebrei bibelôs e pratos;
dancei nua e bêbada - o vinho meio seco e barato lavou cabelos
e sonhos...
Travei janelas,
bati a porta,
joguei a chave no bueiro
e uma pedra
enorme
no telhado.
Sentei no meio fio
- rua deserta
- desejo de morrer
- vontade de ficar.
Escalei o muro.
Subi a
escadinha
da caixa d'água.
Entrei pelo teto em cacos
(a alma também)
(mãos arranhadas, corpo dormente...).
Chorarei ao consertar o telhado.
Quando a pele acordar, chorarei,
e se perdoar.