O Poeta e o Vírus Tristeza
O que encardi a face de um poeta,
Tua obscuridade em imensidão,
O domínio do amor em tua mão
Ou a tristeza que por simples lhe completa?
Profundo, d'um coração indomável
És imbatível, blindado
Quase sempre derrotado
Na certeza, de que jamais será amável
Sente que um vício corre-lhe as veias
Este, d'uma face poética
A força de tua dialética
Em entregar-se a estranhas areias
Quando a vida compensa-lhe a sorte
Um vírus sobe-lhe a garganta
E com olhos carnais, encanta
Vês a inevitável beleza de tua morte
E neste, em teu vírus poético
Não sente-se mais virtuoso
Enxergas c'um olhar de um leproso
E tocas com o medo d'um aidético
Já a morte, o engole bruscamente
Não escreves mais, tão facilmente
Perdendo de vez, a tua vitalidade
E o poeta que vivera a escrever
Escreve agora, o fim de teu ser
No qual morres, em tua vil brutalidade