O Poeta e o Vírus Tristeza

O que encardi a face de um poeta,

Tua obscuridade em imensidão,

O domínio do amor em tua mão

Ou a tristeza que por simples lhe completa?

Profundo, d'um coração indomável

És imbatível, blindado

Quase sempre derrotado

Na certeza, de que jamais será amável

Sente que um vício corre-lhe as veias

Este, d'uma face poética

A força de tua dialética

Em entregar-se a estranhas areias

Quando a vida compensa-lhe a sorte

Um vírus sobe-lhe a garganta

E com olhos carnais, encanta

Vês a inevitável beleza de tua morte

E neste, em teu vírus poético

Não sente-se mais virtuoso

Enxergas c'um olhar de um leproso

E tocas com o medo d'um aidético

Já a morte, o engole bruscamente

Não escreves mais, tão facilmente

Perdendo de vez, a tua vitalidade

E o poeta que vivera a escrever

Escreve agora, o fim de teu ser

No qual morres, em tua vil brutalidade

Bernardo Reis
Enviado por Bernardo Reis em 02/12/2009
Reeditado em 26/07/2023
Código do texto: T1957031
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