Dedos Cegos
Sentado fico imóvel besta.
Ao teu lado, cheio de receio.
Cego de paixão, magia negra.
Em eterno e triste devaneio.
Assisto ao teu velho teatro.
Onde sou cena sempre repetida.
Rodopiando tonto em teus atos.
Como um pião em tua mão ferina.
E nesse iludido mundo nosso,
Vivo entre sorrisos amarrados,
Tristezas das quais me aposso,
E esperanças que nunca largo.
Sou assim, sempre tranqüilo.
Fugindo em sonhos que crio,
Seguindo serene rumos incertos.
Mas sei que nas curvas nossas,
Um dia vou dos trilhos a fossa,
E escorro de teus dedos cegos.
Igor Tenório Leite - 08.11.09