Da Janela
Olhando pela janela nada vejo senão cães a latir num latido abatido,
Gatos a miar suas tristezas e amantes que pensam ser felizes...
A praça que dantes em seu coreto havia alegria e festa agora ilustra meu abandono...
As lembranças do footing, em meus domingos transformam-se em coisa longínqua,
A banda, o pipoqueiro, os balões em cordões coloridos...
Só me restam lembranças... Vontades...
Eu debruçado na minha janela feito alguém querendo voar por um portal de sonhos...
Mas onde estarão meus sonhos?
E o pipoqueiro, o algodão doce e os balões?
Estão somente em minhas lembranças parvas...
Nas minhas escritas e lamentos...
Como no despertar de um sonho mal vejo estar envelhecido e cansado...
A canseira de lutas inférteis, de vontades sem eco, de noites mal dormidas...
Entrego-me ao sono inimigo meu e outras vezes esquecem-me minhas quimeras...
E após o sono ali estarei novamente na mesma janela a sonhar meus sonhos de relicário!