Bastiã
Serena Bastiã,
sempre enclausurada
nos pórticos
dos devedores.
Calada e bucólica
enfrentou
o sol e a morna chuva
a procura da
chave mágica da vida.
Não achou, porque
nunca esteve lá lá.
Voou.
Pro céu, bem longe,
rompante, balançando pontes !
Dizer, agora, não é possível.
Ela já se foi nas alguras
do tempo,
e se misturou na multidão
que tem nome de sofreguidão
e formou-se
um elo de perdão entre seu
vazio
e o vazio das vidas que não se vêem.
Bastiã morreu de solidão,
viva ficou um tempão,
encondida no arauto da vida.
Seu nome padeceu
somente por algumas
horas no estertor da vida.
Depois desapareceu
como as aves
que serenam a noite.
Bastiã, de rosto cheio,
poderosa e crédula,
morreu assim,
sem vez nas
dobras do espaço.
Bastiã de corpo rígido
foi desamada a vida toda
- pajém de reis -
E jamais encontrou sua vida.
Em lugar nenhum se encontrou.
Morreu pobre e esquecida,
como uma folha de vento
que a gente pisa,
e esquece.