noite e clara
viajo em minha mente
eternamente viajo sobre os meus pés
já não sei a medida exata da vida
quanto mais meço
mais me despeço em passos
o pêndulo que marca o tempo
agora parado, nada marca
e na imprecisão dos abraços,
dos sorrisos que deixei
pouco tenho a dizer
nas vertigens dos meus versos
talvez continue mudo
rouco, sujo, estranho
nas folhas que brilham um rabiscar obsceno das letras
exalam a contida origem dos ensejos, sonhos
viajo e continuo a viajar
no meu cume calmo quarto escuro parado
viajo
em sentido anti-horário
viajo!
não pretendo passar as possiveis vidas que teria após a morte
em uma única que vivo
há se fosse um grande espirita
me multiplicaria em uma faixa de 1000 anos
até achar uma que explicase a medida da vida
existência
crise em existência
são pés, mãos, rostos
são olhos, cabelos, vestidos
são joias, dinheiro, umbigo
largo
abrigo
infinito
infinda
crise!
a quem dedico versos mudos?
a quem me apego neste mundo?
a valores, filosofias, ciganos, magos?
talvez ao palpável?
talvez ao abstrato?
não há resposta só duvidas
milhões delas que nada dizem
abro meu contra cheque
vejo que não tenho muito o que querer
chega!
é só uma noite em clara
triste noite e clara.