Olhos de Camaquã

OLHOS DE CAMAQUÃ*

Pensei que eu era tudo,

A vida um conto de fadas.

Pensei que sabia de tudo,

Que eu era tudo no mundo

E o mundo um nada.

Pensei ser pássaro livre

E sobrevoei madrugadas.

Porém aparei minhas asas,

“Me impedi” de voar,

Ao dar-me conta do nada.

Pensei estar solto no mundo

E saí a correr estradas,

Por lugar nenhum passei,

Querência, não encontrei.

Por que me perdi no nada.

E do nada, enfim te achei,

Ao tropeçar neste afã.

E retornei meu caminho,

Cansei de andar sozinho

Nesta caminhada vã.

Hoje teus olhos me guiam

Na clara luz da manhã

Olhar, que mostra o trilho

E que me acende o brilho,

Queimando, febre terçã.

São estes, teus olhos negros,

Negrume de picumã,

Que me faz voltar ao rio,

E me achar no teu cio,

Nos olhos de Camaquã.

Rio Camaquã – duas nascentes, Camaquã Chico no município de Bagé e Arroio do Hilário em Lavras, se juntam e formam o Rio Camaquã que passa por vários municípios, (originando inclusive a nome da cidade de Camaquã), até desaguar na Lagoa dos Patos.