A LUZ DO TEU SORRISO
A LUZ DO TEU SORRISO
J.B.Xavier
Feres-me o coração,
Rasgas-me a alma,
Quando me lanças esse olhar de indiferença,
Essa omissão, que mais me destrói a cada dia...
Deixa-me, se já não te apraz o meu ninho,
Mas recusar-me o gesto de carinho,
É me lançar nesse oceano de agonia...
Segue os ditames de tua consciência
Mas não expulses do olhar essa inocência
Pela qual, um dia, me apaixonei...
És maior que tua indiferença, bem o sei,
Maior que minhas próprias crenças...
Maior, muito maior do que tu pensas,
E no amor infinito que te dediquei,
Foste um dia a mais gentil das recompensas...
Feres-me o coração,
Feres-me a alma,
Quando renegas assim, nosso passado;
Quando as nuvens dos sonhos
Forravam o chão de nossa caminhada...
Não blasfemes contra a meta inalcançada,
Nem maldigas os caminhos que nos separaram...
Bendize os amores de todos os que te amaram,
E que, como eu, cruzaram por tua estrada...
Em meu mundo foste a voz entrecortada,
De um amor que foi às raias da loucura...
Foste a promessa, o beijo, o presente, a jura...
Os hinos, as ausências, as saudades, a esperança
De um sonho que se desfaz quando se alcança...
Rasgas-me a alma,
Rasgas-me o coração,
Quando sequer deixas-me ficar à distância
Na qual, sonharei meus sonhos, e acalmarei a ânsia,
De te ver seguindo noutra direção...
Até onde me for possível, seguir-te-ei os passos,
E se um dia, dominarem-me os cansaços,
Segue em frente, e não olhes para trás.
Porque se olhares para outrora, hás de ver,
Uma alma feliz e adolescente,
Que se entregou total e alegremente
Ao teu amor, e por ele está a morrer...
Rasgas-me a alma,
Feres-me o coração,
Quando recusas a mão
Que cheia de carinho te ofereço...
Não serei eu a estabelecer um preço
Pelo qual possa comprar os teus amores...
Dispostos a pagar esse tributo,
Deve haver outros tantos compradores,
Que nada entendem de carinho e afeição.
Eu não quero, para lembrar-me o paraíso,
Nada além de alguns segundos de atenção,
E a luz ocasional do teu sorriso...
* * *