Monólogo Depressor

Levo a fora o que nem tenho,

E nego-me a consumir-me,

De tão longe eu triste venho

E regando o tal sublime.

Tão cedo assim as claras,

Anda o sol, repousa o vento

Frágil passado em tantas taras

Olho a frente e só lamento...

Desgarrado, tão laçado,

Dito o sangue que me corre,

Em mil olhos um bocado

Não enchergam o que em mim morre.

Disfarço em traje bronco,

O que até Deus evita ver

Com o vigor de um velho tronco

Reluto e sigo, num viver sem ser.

Bernardo Reis
Enviado por Bernardo Reis em 30/11/2009
Reeditado em 26/07/2023
Código do texto: T1952768
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