EMOCIONAL
Sempre que me encontro
frente à vida,
inseguro e líquido,
lágrima,
percebo orvalhos
deflorando peles.
Sempre que encontro
minhas angústias
soltas e leves
– folha de outono –
impotente e inócuo
clamo a fortaleza do vento.
Sempre que me curvo
carregando o peso
deste quotidiano
desta competição sem culpa,
– inocente e ingênua –
percebo
a pequenez do existir.
Sempre que escrevo
rasgo a minha emoção
e conformo hieróglifos
esvaídos em sangue.
– Do livro O SÓTÃO DO MISTÉRIO. Porto Alegre: Sul-Americana, 1992, p. 89:90.
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/1952714