O cinema foi embora
as praças, se despedem
entre asfalto, cimento, 
vidro blindado e grades
Sacadas, prédios antigos
jazem no esquecimento
Já não se vê quintais
nem nas varandas pardais
o que vai restar?
carros voando no ar
como em filme de ficção
robôs fazendo carinho(?)
crianças sem brincar
em desuso o verbo amar
sentimentos na contra-mão
 
 
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Para acompanhar meus versos, sempre homenageio um compositor do nosso acervo popular.

No Tempo Dos Quintais

(Sivuca & Paulinho Tapajós)

Era uma vez um tempo de pardais, de verde nos quintais
Faz muito tempo atrás, quando ainda havia fadas
No bonde havia um anjo pra guiar, outro pra dar lugar
Pra quem chegar sentar, de duvidar, de admirar.

Havia frutos num pomar qualquer, de se tirar do pé
No tempo em que os casais, podiam mais se namorar
Nos lampiões de gás, sem os ladrões atrás
Tempo em que o medo se chamou jamais.

[...]

Só sei que enquanto houver os corações
Nem mesmo mil ladrões podem roubar canções
E deixa estar que há de voltar
O tempo dos pardais, do verde nos quintais
Tempo em que o medo se chamou jamais.

 


IMAGEM: luardasaguas