"VEREDA" Poema de: Flávio Cavalcante
VEREDA
Poema de:
Flávio Cavalcante
I
Como este caminho é pedregoso
Essa estrada sempre foi a minha vida
Carrego um destino cruel muito perigoso
Entre palmas e cactos procuro guarida
II
Busco um lugar pra matar a minha sede
Uma sombra pra que eu possa descansar
Dormir e sonhar com água e mato verde
Um sopro de vento pra que eu possa respirar
III
Mas o sol causticante penetra a minha carne
Expressão de cansaço na face com o calor
Pés plantados na areia quente que arde
De rosto cansado abraçado com o Torpor
IV
E vejo no horizonte um pouco de fé e esperança
Que um dia essa terra seja farta de milho, feijão e uva
Rezar com firmeza, amor e perseverança
Esperando dos céus um pouquinho de chuva
V
No pensamento a chuva é a minha prioridade
Que caia aqui nesse terreno entregue a dor e a morte
E abençoe todo o nordeste e tirai da castidade
Deus poderoso mande pra nós, só um pouquinho de sorte
VI
Quero sentir minhas lágrimas de alegria e emoção
Que esta chuva não torne uma azáfama prolongada
Que venha de gota em gota até molhar o chão
Na vereda eu passeie ao redor de planta molhada