CERTA VEZ
Certa vez, caminhando pelo mar,
Eu me encontrei com o tempo
E ousei fitar os olhos
Daquele que dorme voando.
Sua vestimenta dourada e olhos de fogo
Traz consigo todas as falas de todas as gentes
E sente ciúme eterno do homem
Pelo poder natural daqueles que morrem:
Em pouco tempo ser eterno para aqueles que ficam.
De repente, pensou o vento:
Que posso eu contra o Tempo
Enquanto eu sopro barcos e caravelas,
Ele é o maestro que marca o passo?
Quando me peguei em mim sozinho,
Vi até o vento na solidão de um sopro,
E mirando seu pensamento perdido
Lhe falei das pipas que ornaram os céus
Pelos seus bem-vindos sopros.
Primeiramente, que minha vida não é só minha,
Mas de uma cadeia de necessidades e de coisas
Que se eternizaram no milagre irresistível de cada dia.
E estar vivo para interpretar o mundo,
É como se sentir um observador
Com a divina missão de um templo de carne e osso,
Onde Deus fez daí sua morada e instrumento,
Para sentir o mundo como se fosse a derradeira vez.