Antigas ruas
 
 
Mistérios tem ruas assim
parece que por aí passaram
fadistas, colombinas, arlequins
parece que aí deixaram soltas
palavras de amor, os namorados
parece que sob as arcadas
lágrimas foram desfolhadas
da flor chamada saudade...
passagens onde o fado canta
ruas onde o bolero toca
becos onde o samba rebola
vielas onde o tango espairece 
mistérios tem ruas assim
olhando-as, a alma silencia
e a gente até emudece
 
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Um clássico de nossa música que ouvia minha avó cantar e até hoje muitos se enternecem ao ouvi-la:
 

A deusa da minha rua
Tem os olhos onde a lua
Costuma se embriagar
Nos seus olhos eu suponho
Que o sol, num dourado sonho
Vai claridade buscar

Minha rua é sem graça
Mas quando por ela passa
Seu vulto que me seduz
A ruazinha modesta
É uma paisagem de festa
É uma cascata de luz

Na rua uma poça d’água
Espelho da minha mágoa
Transporta o céu
Para o chão
Tal qual o chão de minha vida
A minh’alma comovida
O meu pobre coração

Espelhos da minha mágua
Meus olhos
São poças d’água
Sonhando com seu olhar
Ela é tão rica e eu tão pobre
Eu sou plebeu
ela é nobre
Não vale a pena sonhar

(A Deusa da Minha Rua -  Newton Teixeira / Jorge Faraj)


 Imagem: Carlos Pedro