Não sou nenhum filho pródigo
Sentir-me-ia muito melhor se dormisse só
e não me sentisse sozinha,
dormindo acompanhada
e me sentir só
é bem pior.
mesóclise necessária neste inicio de versos desarticulados
comparado a um soneto de Camões ou Vinicius de Moraes.
Nem sei por que permite esse sepulcral silêncio,
procura-me para dormir quando se sente só
se na verdade está só é melhor
que acompanhada e sozinha
abraça-me tão fortemente que chego a me iludir
com seu cheiro aqui,
encaixa suas pernas no meio da minha com tanta vontade,
se sozinha está, na madrugada me liga
me chama se comigo não está
e vem, se aconchega, e dorme e faz amor comigo.
Distância-se de repente como um gato escaldado,
parece que o fantasma a atormenta,
um fantasma indefinido e abstrato
que nada oferece, senão migalhas...
Migalhas que a abastece e que eu achei que me abastecesse também,
mas me enganei
não sou nenhum filho pródigo, e se fosse,
voltaria correndo a casa de meus pais
e comeria um bezerro com meus amigos.