Jardim urbano...
Em meio a um jardim de concreto, ferro e fumaça sinto-me só,
Vejo por uma janela suja de excremento de pombos
uma escultura de um velho que não sei quem foi,
quem é, ou nem mesmo donde veio;
Arte simples, sem explicações, sem data de nascimento;
Uso tal figura como companhia pra minha solidão,
Grande companhia, parceiro ideal que mesmo sujo continua belo;
Passeio em meu imaginário com esse amigo inanimado,
Caminho por entre carros de metal retorcido e tumbas assombradas,
Vejo rostos de crianças famintas de saber,
E lá vamos eu e meu “amigo”, passeando dentre meus sorrisos e angustias,
Ele frio, duro e inerte,
Eu tristonho e sem forças, que dupla tosca!
O nada saber me é leve, me refaz (talvez seja a solução)...
Ao longe as trombetas prenunciam o porvir,
E mais uma vez não sei, não vi, não sou...
Meu jardim gélido, meu amigo sujo, meu passeio sem graça, meu nada saber...
Ai está a essência de um poeta louco, de um ser lunático,
de um homem de nome abandono!