Jardim urbano...

Em meio a um jardim de concreto, ferro e fumaça sinto-me só,

Vejo por uma janela suja de excremento de pombos

uma escultura de um velho que não sei quem foi,

quem é, ou nem mesmo donde veio;

Arte simples, sem explicações, sem data de nascimento;

Uso tal figura como companhia pra minha solidão,

Grande companhia, parceiro ideal que mesmo sujo continua belo;

Passeio em meu imaginário com esse amigo inanimado,

Caminho por entre carros de metal retorcido e tumbas assombradas,

Vejo rostos de crianças famintas de saber,

E lá vamos eu e meu “amigo”, passeando dentre meus sorrisos e angustias,

Ele frio, duro e inerte,

Eu tristonho e sem forças, que dupla tosca!

O nada saber me é leve, me refaz (talvez seja a solução)...

Ao longe as trombetas prenunciam o porvir,

E mais uma vez não sei, não vi, não sou...

Meu jardim gélido, meu amigo sujo, meu passeio sem graça, meu nada saber...

Ai está a essência de um poeta louco, de um ser lunático,

de um homem de nome abandono!

Wagner dos Ais
Enviado por Wagner dos Ais em 27/11/2009
Código do texto: T1948112
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