A ESTRADA DOS MORTOS




 
 

Eram tardes longas e quentes,
eu me sentava debaixo de um arvoredo
e ficava horas olhando o horizonte.

Havia uma estrada.

Eu sabia que ela levava para muito longe,
mas não sabia onde terminava.

Caminhando na estrada, eu via amigos
que haviam partido,
alguns há muito tempo, muito tempo.
Agora seguiam sem pressa,
não se importavam com a poeira,
o vento, o tempo.

Estavam alí simplesmente caminhando.
Não eram horrendo zumbís e sim vultos,
vultos brancos que haviam pago
os seus pecados e agora estavam livres.

Caminhavam devagar, acenavam,
mas nenhum parava para conversar.

Conversar para que?

Estavam livres das dores,
estavam livres dos desejos,
dos medos, do mundo...

estavam livres de mim.