OURO PRETO

Euna Britto de Oliveira

Site de Poesia: www.euna.com.br

Ouro Preto

Euna Britto de Oliveira

Ouro Preto e suas janelas,

quantas vidas se esfregaram nelas...

Não sei dos casamentos em suas igrejas,

mas vejo noivas desfilando rumo a seus altares...

Vestidos longos e brancos,

véus e grinaldas, buquês,

pajens e damas de honra

e a sociedade em volta,

com roupa de gala,

brancos em bancos de madeira escura...

Crianças choram nas pias batismais,

são os batizados. Compadres, comadres, afilhados...

Igreja de São Francisco, Igreja do Carmo,

Igreja do Pilar, Igreja de N. S. da Conceição...

São tantas e tão belas, e tão bem construídas!...

Os sinos, por que repicam?

Que alegria comunicam?

Quem morreu que os sinos choram?

O código dos sinos é língua que alcança a todos.

A missa chama com os sinos.

Aleijadinho, que perfeição é essa que sai de tuas mãos disformes?

D. Olímpia foi morar com Marília, que foi morar com Dirceu...

Em rua reta eu me curvo, em reverência a Chico Rei.

Respeito cada escravo, desde o menor ao maior.

Ladeiras são cadeiras onde ex-escravos assistem

ao pôr-do-sol da cidade.

Liteiras não existem mais,

a eternidade deu folga...

Ouro Preto visual, auditiva, sensitiva, sensorial...

Ouro Preto precisa ser protegida,

meus sentimentos também.

Ouro Preto me transporta mais que um avião.

Em Ouro Preto eu viajo...

Ouro Preto nublada – os Inconfidentes pasmados...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 15/07/2006
Código do texto: T194627