Tirei um balde de palavras
de um poço do quintal;
um poço raso,
com boa nascente:
as letras brotando da pedra,
límpidas e frescas...

A corda gemia na roldana.
Puxei devagar,
ouvi a canção.
Os versos chegaram
quase prontos, à boca do poço;
rebrilharam ao sol.

Tampei o poço bem tampado,
para deter a evaporação,
evitar que alguém caísse lá dentro
e, após beber daquela fonte,
andasse por aí com varetas radiestésicas,
atrás de veios subterrâneos, de lençóis de poesia.


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