LIMIAR
E então o vento para de soprar,
o mar deixa de ondular,
as ondas cessam de espraiar.
Cala-se o som e o mundo
fica sem sabor, aroma ou cor.
Nem sombra nem luz
nem calor nem frio.
Foge o chão,
baila solto no espaço,
o fim é o começo, sem travessia.
Perde-se o tempo do tempo,
a eternidade é o momento.
No limbo
entre a vida e a morte,
o gesto é o pensamento.
No umbral
entre o alumbramento e a agonia,
ali, onde a alma se extasia,
o poema fica suspenso...
Lina Meirelles
Rio, 26.11.09