O poema de hoje

O poema de hoje

se recusa a ser moderno,

audacioso; contumaz,

quer-se apenas versos normais,

que sussurram ao ouvido,

em murmúrios e gemidos,

o que os lábios

calam.

O poema de hoje

não almeja a rebeldia

da forma, o desafio

de ser "boa" poesia;

quer a simplicidade

da fala hodierna,

o transbordamento

do eu.

O poema de hoje

ignora a o urgência do tempo,

o ontem e o amanhã;

quer apenas o ato egoísta,

que escapa à técnica

e salta à vista:

olhar, atento, para dentro

de si.

Shirley Carreira
Enviado por Shirley Carreira em 26/11/2009
Código do texto: T1945075
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