O poema de hoje
O poema de hoje
se recusa a ser moderno,
audacioso; contumaz,
quer-se apenas versos normais,
que sussurram ao ouvido,
em murmúrios e gemidos,
o que os lábios
calam.
O poema de hoje
não almeja a rebeldia
da forma, o desafio
de ser "boa" poesia;
quer a simplicidade
da fala hodierna,
o transbordamento
do eu.
O poema de hoje
ignora a o urgência do tempo,
o ontem e o amanhã;
quer apenas o ato egoísta,
que escapa à técnica
e salta à vista:
olhar, atento, para dentro
de si.