Musa

Era tão vaga como as manhãs
que dormem no levante,
róseas e amarfanhadas,
esboços de um noturno pensamento.

Era um formato doce e evanescente,
segredos à procura de definição,
nos pincéis e tintas reunidos sobre a mesa
ou nos sons espalhados pelo ar
preparando combinações musicais.

Era ainda, informe e sem textura,
modelo de um amor não consumado
ou o ensaio de um beijo,
nos planos de um adolescente...

Espreitava os olhares voltados para as estrelas,
as mãos pacientes no trato dos jardins,
os corações das mães e dos amantes,
os eternos buscadores da verdade
e, por concessão, alguns poetas.


nilzaazzi.blogspot.com.br