a cada gota
a cada gota
insiro teu veneno
dentro da minha veia
viajo
vagueio
tropeço
meu corpo se incendeia
cambaleia
e exausto
cai
quase morto
largado aos teus pés
a cada gota
me abres feridas
me causas espantos
espasmos
dores
orgasmos
me tiras a vida
me arrancas verdades
me trancas guardado
dentro da saudade
que já jazia esquecida
me mostras quem és
a cada gota
me tomas de assalto
me pegas de jeito
me tornas refem
de muros altos
chaves
cadeados
encurralado
e aquém
a cada gota
me abandonas de mim
me deixas meio assim
assustado
mergulhado num vão
arrancado do chão
como se fosse flor
a minha revelia
cercado de poesia
em estado de amor