FIM DE MUNDO!

Ouvi dizer que a nossa Terra

vai virar ponta-cabeça,

que o pólo norte vai pro sul

e o sul, eu imagino, desvaneça!

A luz do dia pelo sol,

sem o lume, obscureça,

que a noite em caracol,

comprida e lenta, só clareza...

que o sertão se torne mar

e o mar vire sertão...

e a vida na contramão

de toda sua beleza,

pare, pra que todo o ser vivo, morra

e viva o ser, pra que feneça!

Sabendo dessa profecia,

vou viver em anarquia,

comprando tudo fiado

pra não pagar, nem ser cobrado...

vou roubar o amor dos outros

e me sentir assim tão solto

e jamais injuriado...

Vou fundar uma autarquia

ou então criar uma ONG

e na peteca ou ping-pong,

os últimos dias hei de passar...

vou curtir toda folia,

beber até cair boca na pia

e até o dia que chegar

da Terra ser destruída!

Se der pé vou até Marte

carimbado o passaporte

numa nave construída

um foguete de alto porte

autografado o meu encarte

já sobrevivi a enfartes,

não é agora e sem demora

que chegou a minha hora

pra minha vida ter um corte:

nunca terei essa sorte!

Pois, que a Terra que se acabe,

e até que o diabo se enrabe...

só não verão a minha morte

pra não zombarem de minha sorte!...

Araci, Bahia, Brasil

Antonio Fernando Peltier
Enviado por Antonio Fernando Peltier em 25/11/2009
Reeditado em 25/11/2009
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