Chega o tempo
De autoria do poeta Francisco Miguel de Moura, membro da Academia Piauiense de Letras - Teresina, da União Brasileira de Escritores - São Paulo - SP e da IWA (Associação Internacional de Escritores e Artistas) , com sede em Toledo, OH, EUA.
Chega o tempo de dizer-se
o que não se ouviu.
Mas as palavras são mistérios
nem mais soam
como os sinos
nos nossos ouvidos
sonolentos.
Chega um tempo de dizer-se o impossível
e o impossível já foi dito.
Chega um tempo de calar
e a gente inventa uma maneira triste
de dizer numa língua estranha
um silêncio amordaçado.
Sensual Alice (soneto)
(Por Francisco Miguel de Moura)
Foi na queda da minha meninice,
desaguando na minha juventude,
que me veio à cabeça esta virtude
de te gravar no coração, Alice.
Tu brincavas na areia, ondas salgadas
vinham quebrar-se nos teus pés sem pejo.
Aproveitar meu prematuro ensejo
seria um céu. Perdi tuas pegadas.
Sonho as curvas da praia, as curvas tuas
como o seio nascente que guardavas...
De tantas coisas desejei só duas.
Na noite, as mãos levíssimas de sondas...
E entre séria e risonha te afastavas,
levada docemente pelas ondas.
(Nota: Os poemas foram publicados com o consentimento do autor e meu amigo).