Chega o tempo

De autoria do poeta Francisco Miguel de Moura, membro da Academia Piauiense de Letras - Teresina, da União Brasileira de Escritores - São Paulo - SP e da IWA (Associação Internacional de Escritores e Artistas) , com sede em Toledo, OH, EUA.

Chega o tempo de dizer-se

o que não se ouviu.

Mas as palavras são mistérios

nem mais soam

como os sinos

nos nossos ouvidos

sonolentos.

Chega um tempo de dizer-se o impossível

e o impossível já foi dito.

Chega um tempo de calar

e a gente inventa uma maneira triste

de dizer numa língua estranha

um silêncio amordaçado.

Sensual Alice (soneto)

(Por Francisco Miguel de Moura)

Foi na queda da minha meninice,

desaguando na minha juventude,

que me veio à cabeça esta virtude

de te gravar no coração, Alice.

Tu brincavas na areia, ondas salgadas

vinham quebrar-se nos teus pés sem pejo.

Aproveitar meu prematuro ensejo

seria um céu. Perdi tuas pegadas.

Sonho as curvas da praia, as curvas tuas

como o seio nascente que guardavas...

De tantas coisas desejei só duas.

Na noite, as mãos levíssimas de sondas...

E entre séria e risonha te afastavas,

levada docemente pelas ondas.

(Nota: Os poemas foram publicados com o consentimento do autor e meu amigo).

Onofre Ferreira do Prado
Enviado por Onofre Ferreira do Prado em 25/11/2009
Reeditado em 13/02/2010
Código do texto: T1943231
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