CLAUSTRO

CLAUSTRO

Eduardo B. Penteado

Cada detalhe

Fragmento de lembrança

Bombeia o passado em minhas veias

E ele volta

Com um estrondo milenar

Preenchendo os espaços do meu claustro

Ecoando pelos cantos

Rachando as paredes

E formando túneis

Túneis que fatalmente me levam

A lembranças cada vez mais remotas

Tornei-me estático

Cheguei a lugar nenhum, outra vez

Nas ruínas de onde tudo começou

Coloquei o passado na estante

Mas ela desabou

E tudo se espalhou por onde agora piso

Vozes, nomes, datas, rosto

Vozes, nomes, datas, corpo

Restos.

Cansei de fingir que vivo no presente

A saudade morde a carne dura

E tira pedaços de vida crua

Bebe o vinho e só deixa o pão

A água

E o silêncio.

Eduardo Barcellos Penteado
Enviado por Eduardo Barcellos Penteado em 25/11/2009
Código do texto: T1942797
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