PIETÁ
a coisa mais bela do mundo
[perdoem-me mulheres bem determinadas]
é uma amada quase arrependida;
pois nela é onde mora
o primeiro grande silêncio do pensar com emoção.
Dentro dela não há mais gritos nem suspiros,
mas sim, uma paz meia tonta
que acordará sem as ressacas do amanhã,
pronta para toda e qualquer decisão
que só as mulheres confortadas
num estado da pura graça
[entre o peito e o braço do homem que a ouve calada]
bem-ninada.
a coisa mais bela do mundo
[perdoem-me mulheres de certezas absurdas]
é uma amada quase arrependida;
pois nela é onde se acha
o primeiro grande encanto, mesmo que guardado.
Dentro dela não há mais originais nem virgens,
mas sim, um homem incompleto
culpado pelos mal-feitos em meio a falhas,
a sugar os bicos da mãe-piedade
num estado de volta à vida
[entre o colo e o cantar da mulher de olhar de abajur]
bem-nascido.
a coisa mais bela do mundo
[perdoem-me mulheres cheias de definições inflexíveis]
é uma amada quase arrependida
com toda a pureza da Maria, minha empregada
que amamenta seu recém-nascido macho bem diante de mim
como se os meus olhos expiassem seus pecados.